Movember: Os Homens Falam Pouco e o Corpo É Que Grita
- Luís Ramos

- 27 de nov.
- 3 min de leitura

Novembro chega e, com ele, o famoso Movember. Para muitos, é o mês do bigode ou da consciencialização para o cancro da próstata. Mas, na realidade, o Movimento Movember é muito mais do que isso. É sobre saúde masculina como um todo — física, emocional e mental. É sobre abrir espaço para conversas que durante décadas foram evitadas. É sobre reconhecer que os homens continuam a carregar um silêncio pesado, que o corpo acaba por transformar em dor.
Movember, Silêncio Masculino e o Peso de “Ser Forte”
Durante gerações, os homens foram ensinados a serem fortes antes de serem ensinados a serem humanos. Muitas vezes, expressões como “tens que ser forte”, “controla-te”, “os homens não choram” trouxeram como resultado um padrão emocional que já não se enquadra nos dias de hoje.
Observamos isto diariamente: a dificuldade de verbalizar vulnerabilidade, a necessidade de esconder o desconforto por detrás de um “contexto seguro” — uma cerveja, um jogo, uma viagem, um pretexto que permita abrir espaço para falar sem parecer “demasiado emocional”.
Dizer “não estou bem” frente a frente com alguém continua a ser um dos maiores desafios para muitos homens.
Quando o Corpo Começa a Gritar
O silêncio emocional não desaparece por ignorância. Acumula-se. Endurece. Torna-se tensão.
E é precisamente aí que o corpo fala:
ombros elevados de stress acumulado
respiração curta ligada à ansiedade
peito apertado
insónia
dores musculares sem causa aparente
cansaço persistente
A dor física é frequentemente o último grito de um corpo que já pediu atenção de muitas outras formas.
É no gabinete de fisioterapia que estes sinais aparecem — quando “o nada já é tudo”, quando a dor já não dá para ignorar, quando já não há mais espaço para empurrar para a frente.
A Terapia Não Existe Apenas para Reparar — Existe para Prevenir
Fisioterapia, psicoterapia ou qualquer forma de cuidado não servem apenas para arranjar problemas. São ferramentas de prevenção, autocuidado e reconexão.
Grande parte das dores que acompanhamos não nasce de um acidente, mas de um estilo de vida que desconecta mente e corpo. Tensões antigas. Bloqueios guardados. Hábitos posturais que se consolidaram em silêncio.
Ao avaliarmos o corpo através do olhar clínico e do toque terapêutico:
identificamos tensões que ficaram presas durante meses ou anos
devolvemos mobilidade a zonas esquecidas
melhoramos a respiração
reorganizamos postura e movimento
ajudamos o sistema nervoso a sair do modo de “alerta permanente”
O corpo começa a mover-se com mais leveza. A respiração torna-se mais fluida. O sono melhora. E a mente acompanha.
Dados mostram que homens procuram ajuda profissional cerca de 40% menos do que mulheres, principalmente em questões emocionais. O corpo, inevitavelmente, compensa esse silêncio.
A Coragem Não Está em Aguentar – Está em Não Aguentar Sozinho
A saúde masculina precisa de novas narrativas. Precisamos de normalizar pedir ajuda, falar sobre emoções, reconhecer limites. Movember lembra-nos isso: cuidar de ti não é um ato de fraqueza — é um ato de coragem.
Não é preciso estar mal para procurar ajuda.
Não é preciso doer para cuidares de ti.
Não é preciso uma crise para mudares padrões que te desgastam em silêncio.
E, talvez, a verdadeira força não esteja em aguentar tudo… mas em deixares de aguentar sozinho.
Movember não é só sobre bigodes. É sobre quebrar o padrão de silêncio que adoece o corpo masculino. A fisioterapia pode ser uma porta de entrada para esse cuidado — não apenas para tratar dor, mas para promover consciência corporal, gestão de stress e bem-estar global. Quanto mais cedo se cuida, menos o corpo precisa de gritar.
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